TEMPO

Gostaria de ter mais tempo para estar com a Inês.
Não falo em estar no sentido lato da palavra, mas estar MESMO. Não o estar, enquanto faço o jantar e mais 30 mil coisas e a vou distraindo para ela não refilar ou se sentir sozinha.
Falo em estar mesmo, em brincar, em gastar tempo com ela... não como quem tapa buracos, numa correria desenfreada.

Mas hoje em dia é completamente impossivel. Temos de ganhar a vida e trabalhar, e as horas que poderia estar com ela são dissolvidas noutras tantas em que apenas reajo como máquina, como alguém que tem de fazer tudo e mais alguma coisa e entretanto ir tratando de uma criança.

Desde que comecei a trabalhar noto isso.
Tenho ansia de estar com ela, de a motivar para as novas descobertas, não deixá-la descobrir sozinha, de participar, de ser mais activa.
O tempo SÓ para ela é muito pouco, porque o resto é partilhado com cozinha, roupa, casa, condução e todos os afazeres do dia a dia.

Claro que não lhe falta nada, mas por vezes tenho a sensação de que ela fica a perder.
Mas é mesmo assim, não há outra hipótese, não há outra maneira.
Mas tenho pena...